COVID-19

Carnaval pode causar ‘nova onda’, aponta órgão do governo

Publicado em: 04/12/2021

A Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia da Secretaria do Planejamento, publicou hoje (03/12) um estudo sobre o Panorama Global da Covid-19 e os riscos de surgimento de uma nova onda no Brasil e na Bahia.

Segundo o estudo, o mundo já passou por três ondas bem definidas e, de acordo com alguns indicadores se encaminha para quarta onda, sobretudo na Europa e EUA. Em termos mundiais, a primeira onda teve o seu ápice em abril de 2020, a segunda em janeiro de 2021 e a terceira em setembro de 2021. Já o Brasil teve o ápice da primeira onda em julho de 2020 e uma segunda onda com o ápice prolongado de janeiro de 2021 a abril de 2021. Na atualidade, a Bahia representa 4,4% dos óbitos no Brasil e uma das menores taxa de letalidade da doença 2,16%. Se destacando entre as unidades da federação por ter a segunda menor taxa de mortalidade por 100 mil habitantes, 183 óbitos, ficando atrás apenas do Maranhão com 143 óbitos.

Segundo Armando Castro, diretor de indicadores e estatística da SEI, “a Bahia adotou medidas no enfrentamento da covid-19 de uma maneira muito eficaz. Desde ações educativas, até decretos que limitavam a circulação de pessoas e o contato interpessoal, somadas aos investimentos públicos essenciais na área da saúde, dentre outras estratégias. Por isso verificamos melhores indicadores”.

Mesmo com o avanço da vacinação em várias partes do mundo, tem sido registrado o aumento de novos casos. A Alemanha tem aproximadamente 68% da população imunizada e apresenta números de novos casos em curva ascendente. A média móvel dos últimos sete dias está em 53 mil novos casos e a taxa de incidência está em níveis muitos superiores dos observados desde o início da pandemia: 400 novos casos por 100 mil habitantes.

Essa nova tendência de espraiamento da covid-19 e das suas variantes acontece em um momento de esperança com o avanço da vacinação. Contudo, na Europa, os índices de vacinação parecem ter atingido seu ápice como reflexo dos movimentos anti-vacina, resultando em uma estagnação no número total de vacinados, abrindo espaço para a ampliação de novos casos.

Diante dessa questão, as autoridades dos países europeus estão reagindo de forma mais contundente no que diz respeito a volta de algumas restrições, principalmente, destinada à população não vacinada. Na França, por exemplo, passou a ser exigido, novamente, o uso da máscara em locais públicos. Na Áustria, o governo local anunciou um novo confinamento de 20 dias e decretou também que irá impor a vacinação obrigatória no país a partir de fevereiro de 2022.

Nas últimas semanas de novembro de 2021, a média de novos casos, hospitalizações e óbitos por covid-19 no Brasil alcançaram os índices mais baixos. É bem verdade que com o ritmo da vacinação no país houve uma redução no volume de testagem, o que pode escamotear o número de contaminados com a subnotificação de casos. Monitorar casos leves é importante porque são justamente essas infecções que fazem o vírus circular e geram uma sequência de eventos que ocasiona as novas ondas da pandemia. O alento é que os leitos hospitalares para internações por casos graves estão com reduzidas taxas de ocupação e a vacinação segue acima dos 60% de cobertura da população total.

Essa modificação no cenário pandêmico fez com que recentemente muitas cidades e estados brasileiros reduzissem a intensidade das restrições e, em alguns casos, a desobrigatoriedade na utilização de máscaras em locais públicos e ao livre, movimento parecido ao que foi feito na Europa meses atrás. E essa é justamente uma das ameaças no médio prazo da pandemia no Brasil. Caso o Brasil mantenha o padrão das últimas três ondas e a vacinação não atinja 80% de cobertura, podemos ser afetados por novas variantes nos próximos meses.

Segundo o estudo, a formação de uma nova onda pode ter um espaço temporal de três meses, como aconteceu na Alemanha. Sendo que entre dezembro, janeiro e fevereiro, na Bahia e no Brasil, ocorre a estação do verão, onde há atração de turistas residentes no país e vindos do exterior para as festas de fim de ano e o “possível” carnaval. Ressalte-se que a Alemanha esteve com indicadores de mais baixa contaminação e óbitos três meses atrás, e hoje tem os de maior pico. Sua taxa de vacinação é levemente superior à da Bahia, e ainda assim registra uma nova onda.

Segundo Castro, “não parece razoável submeter a população à festejos com adesão do grande público como é o carnaval e réveillon na Bahia, pois pode ameaçar todo esforço feito até aqui”. O estudo chama atenção também dos riscos em função ao aparecimento da variante Ômicron, que ainda apresenta incertezas em relação ao grau de transmissão ou se escapa da imunidade vacinal, uma vez que se corre o risco de retroagir a fases restritivas que já ocorreram durante a pandemia e colocar em risco o patamar que chegamos de “controle” da covid-19 no Estado.

O estudo completo pode ser acessado no link festejos de carnaval. 

 

 

Fonte: SEI-BA


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